“(…) Foi uma das noites mais acolhedoras que já vivi. É bem doido viver esse outro lado da moeda: me lembrei na hora como ficaram felizes dois argentinos que às 14:30, ainda em Olinda, não tinham comido nada no dia e eu pedalei mais rápido para alcança-los, saber as mesmas coisas que o Jairo queria saber e os levei pra casa para almoçarmos… (…)”

O primeiro acolhimento, a gente nunca esquece…

[para ouvir agora: Nação Zumbi – “Carnaval”]

Zapatoca é um povoado dos mais lindos de Santander, o 3º departamento (equivalente aos estados no Brasil) que passamos nessa viagem. Descemos do ônibus na praça principal do povoado, que tinha uma arquitetura lindona, como coisas coloniais. Ahhhh, para ser bem sincero, quase todos os povoados tem essa característica, mas Zapatoca tinha um ar diferente. Tínhamos a expectativa de nosso primeiro acolhimento e “a cidade” fica há 1.800m de altitude. É um friozinn dos bons à noite e um calorzinn agradabilíssimo de manhã.

Assim que chegamos, umas 16h40, mandei uma mensagem pro Hernando. Meu celular descarregava e não tínhamos resposta dele. Fui até uma padaria, para tomar um café e carregar o celular. Inicialmente, como íamos dormir em outro povoado, combinei com Hernando de chegar só na tarde seguinte. Falava isso para Victor, que as pessoas geralmente se programam, fazem feira, arrumam a casa para receber as pessoas. Já era umas 19h, quando a padaria começou a fechar e a gente já pensava em encontrar uma pousada para passar a noite. Voltando à praça, um senhor pediu para falar comigo, querendo saber de onde éramos, de onde vínhamos e qual era nosso destino. Ficou muito empolgado com a nossa história, nossa viagem e perguntou se nós tínhamos fome, já oferecendo um caldo tradicional de Zapatoca em sua casa. Não estávamos com tanta fome, mas ele insistia. Nisso, havia dito que Hernando iria nos receber, mas que não conseguíamos fazer contato via WhatsApp. De pronto, Jairo (que deixou de ser senhor e virou um amigão!) ligou para ele e explicou o que já tinha dito há Victor. Ele estava nos aguardando no outro dia e não tinha nada arrumado em casa etc. Fomos para casa de Jairo comer, tomar banho etc. E para nossa surpresa, El Profe e La Dotora chegaram lá para conversarmos e depois seguirmos para sua casa… ;)))))

Hernando e Ingrid são próximos de Jairo por conta do amor pelos cachorros… Jairo estava com Messi e depois Hernando foi buscar Niña, Simona e Baco, para brincarem… Foi uma das noites mais acolhedoras que já vivi. É bem doido viver esse outro lado da moeda: me lembrei na hora como ficaram felizes dois argentinos que às 14:30, ainda em Olinda, não tinham comido nada no dia e eu pedalei mais rápido para alcança-los, saber as mesmas coisas que o Jairo queria saber e os levei pra casa para almoçarmos… Jairo até nos perguntou se eu acreditava em anjos… Hahahahaha… Ele falou que anjos não tem asas, nem auréolas e sim são pessoas normais que faziam bem à outras, como ele estava fazendo. Hahahahaha… Eu dei essas mesmas risadas na hora porque de pronto fui falar da minha história como Bike Anjo e ele ficou maravilhado com tanta sinergia.

 

Comemos muuuuito… Caldo, arepas, café, chocolate quente, refresco… Hahahaha!!! Parecia que estávamos há dias sem comer… ;)))) E seguimos para casa do Hernando e da Ingrid para dormir com a sensação de “que bom estar em casa”…

Dormimos sem hora para acordar, tomamos café da manhã e fomos eu, Victor, Ingrid e os dogs caminhar e conhecer um pouco mais Zapatoca. Igrejas, mercado, artesanatos. Tudo que uma boa e pequena cidade tem que ter. Outro dia visitamos os cemitérios, antiquário e mais mercados! Sempre regados à muitas conversas sobre bicicletas, viagens, caminhos… Dormir depois do almoço também foi uma coisa das melhores que pude fazer em Zapatoca!!! ;))))

Hernando, que estava saindo de uma gripe de uns 10 dias, nos levou à um mirante com uma das vistas mais incríveis da viagem. Eram 360° de visão daquela imensidão natural que é simplesmente linda e inexplicável… Nessa região (Alto de San Pablo, no mirante dos canhões dos rios Suárez, Chicamocha e Sogamoso) tem as maiores concentrações de abalos sísmicos da Colômbia (RELAX, lá a gente não sente nada, porque o impacto disso é sentido há centenas de quilômetros, quando é sentido!) E lógico, que nessa aventura no alto, estava lá Baco, Simona e a lindíssima e preciosa Niña! ;))))

E o ciclismo profissional, hein?!

Nesse lugar, tive umas das experiências mais legais: assistir um colombiano vencer uma etapa de uma grande volta de ciclismo!!! Esteban Chaves venceu a Etapa 6 do Giro d’Italia, num ataque fantástico para chegar ao alto. O narrador, Mario Sabato, que é argentino, mas COLOMBIANO DE CORAÇÃO, deixou de narrar nos últimos 6km da prova para apenas ser o maior torcedor que Chaves já teve! E no final da etapa, era só emoção, parecia um certo narrador brasileiro! Ahhhhh, poderia fazer um post só falando o que é e como as pessoas daqui vivem o ciclismo desportivo, sabendo o resultado de todas as etapas, sabendo quem está na fulga, como estão todos os colombianos (e latino americanos) na classificação geral etc. Mas vou deixar para fazer isso se estiver por essas bandas na época do Tour de France.

E assistir um jogo de tênis que o Nadal perde!!! Hernando vibrava a cada ponto do austríaco Thiem nesse jogo!!! Hahahahaha!!! 

E mais rolê…

Victor foi pedalar com El Profe numa subidinha básica de 12km… Eu, sabiamente, fiquei dormindo à tarde toda!!! Hahahahaha!!! Depois fui remendar algumas câmaras de ar e fazer uns ajustes em #ZINEBRA. Falando nela, ganhou um raio, que quebrou na viagem de ônibus, e bons papos com o Senhor Noberto, que já foi ciclista profissional e tem uma oficina em Zapatoca. E o melhor de tudo: com toda simplicidade, Senhor Noberto disse: “Só desejo que façam boa viagem… Não precisam pagar nada!!!” Isso é de fazer chorar e acreditar que a gente tá aqui nesse mundo para se ajudar muito ainda, seja com qualquer coisa!!!

Também fomos à festa do Día de La Santanderianidad na escola que Hernando é professor. A festa contou com várias apresentações de crianças de todas as idades e comemora a cultura do Departamento de Santander. É bem massa ver a empolgação das crianças apresentando danças, canções e objetos típicos desse departamento, mas ficamos sabendo que a festa era muito maior, mais rica e cheia de comida. Hahahaha!!! Bom, mesmo assim, eu gostei muito de participar de uma coisa tão cultural.

E tem que ter cuscuz, LÓGICO!!!

Na nossa última noite em Zapatoca, fiz um cuscuz massa para jantarmos!!! Temos até um álbum de fotos desse momento pernambucano na Colômbia!!! Hahahaha!!! E falando em comida, descobrimos algumas frutas como Lulo e Granadilla e o delicioso Tamale (massa com vários recheios que é embalado em folha de babaneira).

4° dia em Zapatoca e era hora de seguir para Bucaramanga, onde outro amigo iria nos receber… E a despedida, num dia lindo e ensolarado ganhou até um timelapse improvisado!!! ;))))

Hernando ainda nos acompanhou por 16km até chegarmos na descida mais louca da viagem até agora!!! (Vai ter um vídeo depois, por enquanto saca só esse visual e imagina o quanto foi difícil subir depois do rio!!!)

Muchas gracias Hernando, Ingrid, Niña, Simona y Baco!!! Ustedes son una familia das mejores y que tengo mucho carinho!!! Que possamos encuentramos más vezes aquí en Colombia o en Brasil!!! Hasta luego e uno gran abrazo!!! ;)))))

Ahhhhh, aproveito para compartilhar também que a Casa de MÃE, em JANGA tá recebendo cicloturistas, como foi a passagem do amigo (que ainda não nos conhecemos pessoalmente) Fernando Pulga!!! Se está fazendo uma viagem de bike e vai passar por Recife, vai na aba FALA COMIGO que eu faço tu contar tuas história e SER MUITO BEM ACOLHIDO por MÃE, PAI e toda galera de JANGA!!! ;))))) E enquanto tu não passa em JANGA, deixa um comentário sobre esse post e se tu tiver afim de acolher cicloturistas, que passo umas dicas boas!!! ;))))

[para ouvir agora: Secos e Molhados – “Fala”]

é tudo nosso!!! #puravida

 

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