Manizales, a terra do MTB [passando pelo caminho de los Justiceros…]
“(…) Quando estávamos estacionando as bikes, um senhor muuuuito simpático falou para mim: “Se querem tomar uma comigo, só sentar!” Era El Juticero de la cerveza, mais carinhosamente chamado por nós de El Tio. (…) tinha 73 anos e umas 5 Poker na sua mesa. E como é o destino, ofereceu cerveja logo pra quem? (…)”
Tas ligado que tem um montão de gente fazendo essa viagem rolar pelo APOIA.se/eniopaipa?
E tu pode entrar nesse montão e receber mais notícias “em tempo real”…
De Medellín à La Pintada…
[para ouvir agora: Newen Afrobeat com Seun Kuti & Cheick Tidiane Seck – “Opposite Peolple”]
Sair de Medellín foi um tanto duro… Muita gente boa, muitas histórias, algumas cervejas e só… Hahahaha… Mas tenho dito que uma das melhores coisas d’A viagem são as despedidas, porque elas proporcionam o REENCONTRO (e isso é melhor do que se despedir ou se conhecer)… Então saí com José Chepe no rumo de Manizales onde já tinha contactado a grande amiga do WarmShowers, Pilar! ;)))
Manizales fica há uns 200km de Medellín e a gente tava com uma vontade de pedalar horrores, porque tínhamos passado mais de 15 dias só subindo as montanhas de San Antonio de Prado. Então pensamos: “vamos chegar em Manizales em 3 dias… 1 dia de descida, 1 dia plano e 1 dia de subida…” Hahahahaha!!! Já devo ter falado isso em algum post, mas sempre vale repetir: pedalar na Colômbia só tem 2 certezas, que vai SUBIR e que vai DESCER… O plano para um colombiano que pedala é assim /\/\/\/\/\/\/\/\… Hahahahahaha!!! Mas como tudo que é planejado nessa viagem muda com menos de 24 horas, dessa vez não foi diferente.
Nesse pedal (que era o de descida!) já começamos subindo até o Alto de Minas, há 2.416m de altitude… Maaaaas, depois descemos para La Pintada, há pouco mais de 500m sobre o nível do mar, que beleeeeeeza!!! ;)))))) Em La Pintada, conseguimos acampar em um parque que era mais um hotel para quem “vivia” sobre rodas. Conhecemos o amigo Carlos, um veterinário que trabalhava numa cabana da prefeitura e de pronto foi nos ajudando dizendo onde podíamos pegar água para beber, onde tinha um banheiro e (o melhor) nos deu uma senha de wifi… ;))))) Nesses tempos modernos, negar água e wifi são pecados mortais e quando alguém chega e nos oferece isso, de cara são nossos MELHORES AMIGOS!!! Hahahaha!!! Mas essa ajuda toda não só foi boa para eu e Chepe. Quando estávamos chegando em La Pintada, acenamos para uma casa rodante da França e ao encontrar onde acampar, lá estava a casa rodante e uma família francesa muuuuito legal!!! ;))))
E nessa de wifi, Pilar nos disse que tinha um caminho muito lindo para chegar em Manizales, porém íamos ter que ter mais paciência e força nas pernas, porque era una ruta duuuuuuuura! Outra dica para quem quer pedalar aqui na Colômbia: se uma pessoa diz que o caminho é duro, #tenhamedo… se essa pessoa diz que é muuuito duro, comece a sofrer e saiba que vai ser beeeeem difícil seu dia… Hahahahaha!!! E como a gente é muito receptivo à indicações locais, fomos pelo caminho mais longo, mais difícil e O MAIS BONITO ATÉ AGORA!!! ;))))
Até Aguadas…
Nesse pedal eu quase chorei!!! Hahahahaha!!! Saímos às 6h30 de La Pintada, depois de uma surra de mosquitos e começamos um dos dias mais duros de todo o percurso até agora. Eram 44km de montanha, dos quais os primeiros 20km eram de estrada de barro. O começo foi suave, ao lado de um rio Aures, com algumas fazendas. Tudo lindo! 11km pedalados e eu cheguei a dizer “oxeeeee, se a estrada de barro é assim, a gente vai chegar antes do almoço em Aguadas!” Outra dica: nunca subestimem as montanhas da Colômbia… Foi só falar isso pra Chepe que a montanha empinou de um jeito louco. Além de inclinar muito, a estrada ficava cada vez pior, com pedras soltas, um pouco molhada, com um tráfego maior de caminhões e motos e um calor quase insuportável.
No meio do caminho, chegamos à Armas, um povoado pequeno, mas extremamente lindo. Fomos até a pequena praça e sacamos nossa cozinha e começamos a fazer um almoço… Algumas pessoas vinham para saber o que estava acontecendo, como fazíamos a comida, porque estávamos viajando de bicicleta etc… Isso nos rendeu boas conversas, um convite para almoçar no outro dia em Aguadas e dois cafezinn para acompanhar o banquete de arepas e macarrão…
Almoçamos e saímos “correndo” para encarar a outra metade do caminho. Já tinha asfalto e até uma pequena descida, mas depois era “aribaaaaa, aribaaaaa, muchachooo!” O tempo passava e a montanha parecia não acabar nunca. Mas era lógico que aproveitávamos cada momento, cada visual que esse Eixo Cafeteiro proporciona e até um monte de bananas que encontramos na estrada. O cansaço era tão grande que uma das últimas coisas que eu pensava era fotografar ou fazer vídeos… Às 19h40, treze horas e dez minutos depois de ter montado na bike, a gente chegava na praça principal de Aguada e estávamos a tomar duas boas, geladas e merecidas cervejas. E nisso ainda não tínhamos onde dormir, nem o que comer… Hahahaha!!! Mas isso foi o bicho, porque chegavam as pessoas para saber de onde estávamos vindo e nos presenteavam com empanadas, café e indicavam lugares baratos onde pudéssemos dormir. Fomos a um hostel e só fizemos “morrer”…
Além do almoço que o senhor Carlos tinha nos oferecido no dia anterior, Aguadas ainda nos reservava muitas pessoas e lugares incríveis para conhecer. Logo de manhã cedinho fomos para a praça central e um policial nos abordou com muita simpatia. Era El Justicero German, da Polícia de Turismo de Aguadas, que ficava o dia todo na Oficina de Turismo ou pedalando pela cidade. Nos convidou para conhecer Don Fernando, uma grande pessoa, que é “o chefe” da oficina de turismo e nos explicou muuuuita coisa sobre Aguadas e seu principal patrimônio, o Sombrero Colombiano, que surgiu nessa cidade. Passamos bons momentos conversando com eles, mas tínhamos um almoço e isso é muito importante! #gordinhoFEELINGS German pegou sua bike e nos levou até o ponto de encontro com Seu Carlos e nos disse: “se querem acampar no cerro, são bem vindos, não precisam pagar nada e de tarde posso acompanhar vocês até o Museu do Sombreiro…” Como já disse, vamos mudando todos os planos da viagem em menos de 24 horas. Hahahaha!!! E assim passamos a tarde indo na estação da Polícia, no museu e para o Cerro de Monserrate, um lugar incrível onde tivemos uma ótima noite e um amanhecer com uma vista impagável… Antes de dormirmos, ainda fizemos uma sopa com fogão de lenha, onde comeram 8 pessoas + eu e José… Bons papos e muita comida boa… No outro dia, German nos esperava na Oficina de Turismo com uns 4kg de arroz, feijão e lentilhas, além de uma vontade enorme de sair em viagem com a gente, que foi contida na placa da saída da cidade.
Até Salamina…
Esse pedal tinha tudo para ser beeeeem mais tranquilo do que até Aguadas por n motivos: 1) era metade descendo e metade subindo; 2) era “tudo” pavimentado; 3) eram só 50km; 4) já estávamos saindo de Aguadas com contatos da oficina e da polícia de turismo de Salamina – e vocês não sabem o quanto é bom começar o dia de pedal sabendo que vamos ter um teto para dormir… “Mas a vida é uma caixinha de surpresas…” (CLIMBER, Joseph). E lá vai eu e Chepe nas descidas muito massa, com uma paisagem inenarrável… Tão inenarrável e não dava tempo para muitas fotos, só algumas. 😉
Quando chegamos em Pácora, paramos para um bom café da manhã e também para assistir o finalzinho da etapa do Tour de France. E foi providencial essa parada, porque de uma hora pra outra o mundo desabou em forma de chuva… Antes, conhecemos um senhor muito massa que disse: “Espero vocês em Pácora!” Ele vivia na estrada, onde começava uma subida quase interminável, depois do centro da cidade e quando chegamos perto da casa, ele nos acenava para entrarmos, tomar uma sopinha de macarrão com um suco de mora muito delicioso. A gente tinha acabado de comer muito, mas não dispensamos comidas quase nunca… Hahahahaha!!! Bucho cheio, boas risadas e energia para subir…
E quando acabamos de subir tudo, já víamos Salamina há uns 300m, mas havia um graaaaande vale no meio, que significa “VOCÊ ESTÁ NA COLÔMBIA!” ;))))) Para melhorar, o bagageiro dianteiro de #ZINEBRA foi parar no chão… Hahahaha!!! Coloquei os dois alforjes no bagageiro traseiro e fui me acostumando com a dirigibilidade louca da bicicleta com centro de gravidade todo atrás e a dianteira “solta”. Ainda bem que não estava descendo, porque o estouro ia ser feio… 5 minutos e já tava tudo de boa, para descer… 20 minutos depois, passávamos por um rio e começava a subida. Essa estradinha tinha muita obra por deslizamento de terra ou caídas de pedras. O mais louco era que apesar de vermos no celular que a cidade estava há 300m em linha reta, ainda tínhamos 15km para pedalar e quanto mais fazíamos isso, deixávamos de ver a cidade e víamos as rampas gigantes que tínhamos que subir, o que acaba com qualquer pessoa.
Chegamos na cidade e a única coisa que pensávamos: “bora tomar uma cerveja porque hoje merecemos!” Hahahahaha… Como aqui na Colômbia não se pode consumir bebidas alcoólicas na rua, abrimos a breja e colocamos nas nossas maravilhosas caramanholas e bebemos na praça pública… ;))) Nossos contatos não eram tão ótimos quanto nos parecia, encontraram um lugar para ficarmos muuuuito fora da cidade (e adivinha, tinha que subir ainda mais!), mas daí apareceu outro El Justicero, comandante Tavares “Agale-Agale”, do Corpo de Bombeiros Voluntários de Salamina, que nos disponibilizou um espacinho para dormirmos, banheiro com chuveiro quente e uma cozinha lindona!!! Ahhhhh, por trás dos Bombeiros havia um senhor trabalhando já de noite com solda… Chepe correu lá e conseguiu fazer um “remendo” no meu bagageiro dianteiro!!! ;)))))))
Até Neira…
Cedinho, fizemos um café da manhã/almoço nos Bombeiros e seguimos nesse pedal… Eu tava torando aço por conta do meu bagageiro, mas tinha que seguir e a cada quilômetro de descida, me sentia mais confiante em #ZINEBRA e bora bora!!! Esse percurso era de descidas e subidas, muito duras. Antes de chegar a Aranzazu, pedalamos por neblina e nuvens, com sol e chuva e com paisagens muuuuuito loucas e bonitas. Como tínhamos almoço, leia-se arroz + lentilhas, Chepe quis comprar um queijo para complementar o rango e paramos em um bar/restaurante/lava jato. Quando estávamos estacionando as bikes, um senhor muuuuito simpático falou para mim: “Se querem tomar uma comigo, só sentar!” Era El Juticero de la cerveza, mais carinhosamente chamado por nós de El Tio. Ele disse seu nome, mas não entendia muito bem… El Tio tinha 73 anos e umas 5 Poker (a Skol da Colômbia – mas não é de milho!!!) na sua mesa. E como é o destino, ofereceu cerveja logo pra quem? Hahahahaha!!! Pedimos uma banana comprida com queijo e desfrutamos muito da cerveja, das histórias e de boas risadas! Depois da segunda breja, quase tivemos que fugir d’El Tio, lógico que depois de mais um pouco de ótimas gargalhadas e um abraço inesquecível.
Seguimos subindo e descendo até Neira… Chegar nessa cidade foi tão duro, que empurramos uns 300m para chegar na praça principal da cidade de tão empinado que era e adivinha o que queríamos quando estacionamos as bikes? Um café com pão!!! ;))))) Procuramos o Corpo de Bombeiros Voluntários de Neira e confesso que não tinha sido tão bem recebido por todos… Não me recordo de nomes, mas lembro de todos os momentos vividos, como chegar cedo (umas 16h) e o comandante já afastar uma caminhonete para que pudéssemos armar a barraca, nos ofereceram banho e água panela quentinha, bem como total acesso à pequena cozinha que nos rendeu uma boa janta e um ótimo café da manhã…
E como tínhamos encontrado onde dormir e deixar as bikes e bagagens, fomos passear de apés pelo centro de Neira, principalmente para usar o wifi grátis da praça. O melhor é que fomos comer uma arepa e muita gente já vinha falar com a gente para perguntar sobre o que estávamos fazendo ali de bicicleta (mesmo não estando com elas). Quase celebridades, mas ninguém comprou nem um café pra gente… Hahahahaha!!!
Até Manizales…
Tínhamos cozinha, mas nem nos preocupamos em fazer almoço, já que Manizales estava a menos de 25km, onde 8 eram descendo e o resto subindo de forma suave… Então começamos a pedalar bem cedinho, porque era o sábado decisivo do Tour de France e nossa minha ideia era descer a montanha e parar no primeiro boteco para tomar um cafézinn e ver a etapa. E, sem querer, tivemos o PEDAL MAIS TRANQUILO de todos! Da estrada eu já via um lugar muito bonito, com piscina etc e quando estava passando, um senhor muito gente boa falou alguma coisa que não entendi. Parei a bike e quando voltei um pouco, era Senhor Alexander, dono do restaurante Fogón de Palo, que estava me convidando para conhecer o restaurante e tomar um café da manhã na faixa! Falei para ele que estava com Chepe e logo pensei: ele vai se arrepender, porque chamou um e agora já tem mais outro… Puro engano meu (ainda bem!). Alexander é gente da gente (só que com muito algum dinheiro – hahahaha!!!) e já foi nos mostrando algumas coisas que faziam no espaço e enquanto pedia nosso café da manhã, já foi nos oferecendo para ficarmos até o almoço e, se quiséssemos, dormirmos em uma das cabanas que haviam.
Bom, como já falei umas 1000x nesse post, uma das melhores coisas nessa viagem é a falta de planejamento ou mudanças inesperadas no caminho. Tentei contactar nossa amiga Pilar, que também foi convidada para desfrutar desse dia com a gente, mas a internet estava fora do ar e acabou causando até uma grande preocupação na nossa anfitriã (perdón Pilar!), que só consegui contato umas 15h. As mudanças de planos são incríveis e essa parada no Fogón de Palo foi um desses momentos que você se enche de energia e conhece pessoas simplesmente incríveis. Não consigo falar de cada uma das +60 pessoas que trabalham nesse complexo, mas destaco três delas: Senhora Luz, que faz as melhores arepas paisas da Colômbia; Ariel, a pessoa mais amável com os animais (e até com os humanos – hahahahaha!!!) que já conheci na vida; e Don Oscar, um senhor muito sábio e de um astral sensacional (ele me fez lembrar a cada prosa/anedota, do Véi Seu Gusmão, o pai de todas as crianças que viveram os anos 90 em JANGA!). Além das pessoas, fomos agraciados ainda com danças típicas da região, com comidas que dão água na boca só de escrever sobre, com muito aprendizado sobre café (porque há um cafezal com produção quase artesanal) e uma aula de cuidado/respeito com animais… E o café da manhã virou almoço + janta + outro café da manhã, onde esperamos a maioria das pessoas chegarem para, finalmente, nos despedirmos e voltarmos para estrada.
Ainda precisávamos chegar em Manizales…
[para ouvir agora: O Rappa – “Anjos”]
Nesse pedal, só íamos fazer uma coisa: SUBIR!!! Hahahaha… Mas era muito massa porque tínhamos passado uma semana das mais incríveis da viagem e íamos chegar em uma casa de uma amiga… É bem louco isso, mas quando sabemos que vamos chegar na casa de alguém certo, já muda todo astral, tu se sente melhor e chegando em casa. E Pilar foi super incrível com a gente desde o primeiro contato no site do WarmShowers.
Marcamos de nos encontrar na Plaza Torre de Cable, a praça principal da cidade, onde fica a torre do antigo teleférico e um café Juan Valdez (um dos mais chiques da Colômbia)… E quando estávamos já dentro da cidade, um senhor de carro perguntou de onde éramos bem rapidamente e pegou a estrada no sentido contrário… 1 minuto depois, estava o mesmo senhor com o carro do nosso lado e entregando 5.000 COP (R$7,00) para Chepe e +5.000 pra mim… Estava com duas crianças no carro e não falou muito, só nos desejou boa viagem e os três tinham sorrisos maiores do que o meu e o de mi hermano. O melhor dessa situação toda é que o cara foi, voltou e depois teve que andar +1km para fazer de novo o retorno e seguir seu rumo. É por essas e outras que amo a #bicicleta, só ela aproxima tanto as pessoas. ;))))) Como estávamos “rYYYYYYYcooooos” logo pensamos: “Vamos tomar café Juan Valdez!” Hahahahaha… Nem chamávamos mais de tinto, agora era café! Hahahahaha!!! Quando chegamos na praça, no café e no balcão, fui o primeiro a desistir de tomar o tal café… Custava 5.000 COP, quando qualquer cafézinn na Colômbia custa 10x menos… E não tivemos dúvida: Chepe foi numa padaria pequena pertinho, comprou dois cafés por 700 COP e comemos uns pães dormidos de dois dias!!! Peeeeense na felicidade!!! ;)))))
Mas José Gabriel Ruiz, mi hermano ou Chepe, é um cara muito sábio e sempre diz que se a gente quer muito alguma coisa ou tem gana de fazer algo, temos que concentrar toda nossa energia e isso faz as coisas acontecerem de uma forma incrível. E querendo ou não, eu (ele também) queria tomar essa porra de café para saber se era O BONZÃO mermo (na verdade é que não tinha tomado nenhum café dos bons como todas as pessoas do Brasil falavam…). Então que apareceu a família Quintero na nossa vida… Eles viram as bikes, viram a gente “meio cansados” e nos perguntaram se queríamos um café. Como estava fazendo um friozinn, aceitamos! 😉 Com muita gentileza, pediram para que escolhêssemos qual café queríamos e a gente na humildade pediu o menor possível, mas essa galera era tão incrível que trouxeram um que era maior que minha mão e um pão de queijo beeeeeem bom! E daí fomos conversando sobre bicicleta, viagem, MTB, Manizales etc. Aproveitei a bandeja que vinha o pão de queijo e todos os guardanapos para deixar uma lembrança para eles… ;)))) Ahhhhh, depois de toda essa mordomia, ainda ganhamos uns biscoitos de café… Ahhhhhhhhh, o café Juan Valdez é bom, mas nada muito melhor do que um Melitta Extra Forte que vende na Socimasa… Confesso que achei o biscoito melhor que o café em si, mas a situação tornou tudo muuuuito bom! ;)))
Nessa loucura, Pilar chegou, mais risadas e conversas, até irmos almoçar em um shopping pertinho. Vou falar um pouco desse almoço só para lembrarmos que a gente não vive num mundo só lindo e que a nossa luta por +AMOR -motor (e menos qualquer mazela vinda das pessoas) é diária. Chegamos em um restaurante (que nem me lembro o nome) e enquanto Pilar fazia o pedido, saiu uma senhora lá da cozinha falando gritando: “Yaaaaaah, sale de aqui ya! Aquí no! Sale! SALE!” Ela falava assim com José, porque é “negro” (na verdade ele é indígena, mas é só ilustrar o racismo de merda que há na Colômbia ~é uma impressão minha e quem quiser saber meus argumentos, me chama no whastapp~), porque estava “mal vestido” para um shopping (estávamos com a roupa que usamos para pedalar pelo mundo todo!) e porque é pobre (isso ela acertou, maaaaas…). Nunca tinha visto José daquele jeito, sem saber nem responder, com um sorriso triste, totalmente diferente de todos os sorrisos que já havia visto em quase 1 mês de convivência. Pilar respondeu que ele estava com ela e estava pedindo o almoço dele, que íamos pagar. E eu, ahhhh véi, eu perdi “a postura”. Fui logo dizendo EM PORTUGUÊS: “A senhora endoidou foi?! Que preconceito doido é esse?! Eiiiiii, volte aqui, porque se falou, agora vai ouvir!!!” A senhora se encaminhava de volta à cozinha, a menina (super massa e totalmente envergonhada) do caixa tinha a expressão parecida com a de José, pedia desculpas e daí eu tentava falar em espanhol pra senhora ouvir (e entender mais claro, porque já tinha entendido!)… A fome se foi na hora e a vontade era de passar umas duas horas falando para que a senhora se sentisse tão mal quanto Chepe ficou. O mais phoda é que Chepe dizia: “é normal, as pessoas em shopping são assim…” e eu começava a “brigar” com ele, hahahaha!!! Bom, passou, comemos, falamos da viagem e das pessoas que Pilar já havia recebido na sua casa, os sorrisos voltaram e na hora que estávamos indo embora, voltei para me desculpar com a menina do caixa, que ela não merecia passar por uma situação daquela, tão pouco trabalhar com uma pessoa tão estúpida quanto aquela senhora. Ela se desculpou novamente e eu nunca mais voltei nesse shopping…
Pilar é tão incrível que colocou nossas bagagens no seu jipe e os 3km de montanha desse pedal ficaram muito mais suaves… ;))))) Na verdade, Pilar é tão incrível que queria colocar as bikes da gente dentro do jipe e fazer duas viagens… Hahahahaha… A gente lógico que não queria incomodar, tão pouco desmontar as bikes e dar esse trabalhão todo para todos… E a melhor coisa foi poder fazer a “Rodinha da Dri, da Lu e da Vi” antes de começar a montanha!!! ;)))))
+Manizales…
Véi, na moral… Nem eu tou aguentando mais escrever nesse post, imagino que vocês já estão morgando de ler também… Então vou acabar esse texto em mais 5 tópicos e uns vídeos que traduzem um pouco de uma semana em Manizales:
1) Em Manizales, eu vi a neve pela 1ª vez na vida. Um belo dia, havia sol de manhã e quando olho para uma casa, tá o amigo Fabiano no segundo andar da casa de bambu olhando o Vulcão Nevado del Ruiz… Lá estava o poderoso pico, com pouca neve, mas me fez passar uns 20min sem conseguir traduzir a boa energia daquele momento;
2) Em Manizales, eu vi um dos pôr do sol mais fantásticos no meio do centro de uma cidade grande… Muita gente para pertinho das 17h, vai correndo (ou andando ou pedalando ou de carro :PPP) para o Parque Chipre e desfrutar esse momento lindão de todos os dias;
3) Em Manizales, eu conheci uma galera massa que faz corridas e travessias pelas montanhas. O amigo Alfonso é um dos organizadores do Festival de la Montaña, um festival de cinema desportivo, com caminhadas, travessias e corridas feitas nos lugares mais gelados e loucos de Manizales, da Colômbia e do mundo. Alfonso também é um super personagem da junção esporte e veganismo, produzindo corridas e comidas incríveis como o húmus e a manteiga de amendoim incríveis que ele nos presenteou;
4) Em Manizales, eu vi/torci/gritei/incentivei/brinquei/sorri na primeira competição de ciclismo oficial, organizada pela UCI. La Leyenda del Dorado é uma das competições de MTB mais difíceis do mundo, percorrendo +450km, subindo quase 16.000m em apenas 7 dias de prova. PHODA! A prova é feita em dupla e tinha uns brasileiros e uma brasileira competindo… Foi incrível ver a reação deles quando passavam em frente a casa de Pilar (véi, quando eu ia imaginar que ia ver uma competição de ciclismo passando na frente de casa?!) e viam a bandeira do Brasil!!! Uma alegria phoda pra mim, imagino pra eles;
5) Em Manizales, eu (e Chepe) desfrutei de ótimos momento com minha amigona Pilar e quero deixar um agradecimento enorme por tanto carinho, por boas risadas, pelos rangos massa, pelos passeios de jipe e por abrir tua casa para tanta gente legal!!! ;))))))
UFAAAAAAAAAAAAA!!! Hahahahahahaha!!!Agora, que publiquei esse post gigante, tou fazendo uma vídeo chamada para Pilar falando sobre nossos bons momentos em Manizales (e convidando ela para ler/ver isso tudo!)… E nem vou fazer pergunta dessa vez, maaaas: se tu quer que eu faça uma vídeo chamada “surpresa” pra tu, deixa um comentário falando um bom momento que a gente viveu junto pedalando poraí… Se a gente não se conhece pessoalmente, vale falar que um ótimo momento é ter chegado até o final desse post eterno QUE AINDA NÃO ACABOU!!! Hahahahahaha!!!
Quanto tempo sem post, mas eu sei das dificuldades do caminho.
Não cancei nada, pelo contrário me deliciei lendo e vendo tanta coisa boa.Exceto a tal descriminadora , mas sabemos que ainda se julga muito pela aparência, acho horrível mas….
Fico muito feliz por encontrares tantos anjos pelo caminho, isto é prova de que Deus está cuidando sempre de todos nós.
Viajei com vcs por estes lugaresIncríveis, um dia desses faremos um pedal.
Deus te conserve este cara incrível. (Que me desculpem a falta de modéstia), mas eu tinha que falar do orgulho que eu e seu pai sentimos das nossas crias.
Que o Espírito Santo de Deus, continue guiando teus caminhos e de todos os demais caminhantes
Deus te abençoe meu filho!!!!
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