Frio, Montanha e muita gente incrível [nada diferente de toda Colômbia…]

“(…) esse rio com mais de 1.500km de extensão tem apenas 1m de largura. É uma energia que arrepia até agora quando estou escrevendo. É muito astral, é muito bonito! Chegar lá é beeeeeem duro, porém tudo tem suas recompensas. (…) paramos em uma fábrica de panela (rapadura) e tomamos caldo de cana saído agorinha do engenho (…)”

A viagem segue aqui no BLOG, mas muita gente tá me ajudando a seguir aqui na VIDA! Você também pode ajudar no APOIA.se/eniopaipa e sentir mais de perto essa energia… ;))))
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Montamos um bando e RUMBORA…

[para ouvir lendo: Mombojó – “Papapa”]

Acabou-se o Foro Nacional de la Bicicleta – Popayán 2018 e a patota que era de 4, agora tem 8 pessoas! 😉 E por mais que todos caibam em CABEs, nosso amigo Chepe, ficou em Popayán com uma boa amiga e +3 amigos de Bogotá (Cleta, Javier e Andrés) +1 tio (Jesús) e juntaram para subirmos mais montanhas.

A saída de Popayán é só pra cima, como dá pra ver nesse pedal até Paletará. Esse pedal foi bem phoda por vários motivos, mas principalmente pelo vento louco que fazia a gente descer da bicicleta, por bem ou por mal… Além dessa galera toda, ainda encontramos muita gente treinando pelas montanhas tranquilas de movimento de carros e fomos brindados pela nossa amiga Leiby com um bom café da manhã na metade do caminho.

Nesse dia fiz a maior merda da viagem (até agora! – hahaha!!!), mas espero não repetir isso nem tão cedo. Vinha pedalando na contramão da estrada para me livrar um pouco do vento, já que a montanha estava à nossa esquerda. Antes de uma curva, fui olhar para trás e o vento me levou direto pro meio da estrada e nessa mesma hora, descia uma moto, de buenas e certa. Porra! Que susto, pra mim… Mais ainda pras duas pessoas que vinham na moto. Levantei um braço para “pedir desculpas” e segui em uma crise psicológica gigante lavado por lágrimas por muitos quilômetros. É phoda até escrever sobre isso, mas poderia nem tá aqui… Antes que vocês pensem que não passamos outros perigos na estrada, PASSAMOS! Mas como foi eu o que fez uma merda desse tamanho, fiquei super mal… E nisso vem vontade de fazer tudo, menos continuar viajando, porém esse sambudinn que escreve aqui é teimoso pra porra e CONTINUEI! 😉

Montanha, vento, cachoeira, café, pista de terra, grupos de motociclistas, uma parada de ônibus (ou refúgio) e FRIO… Isso é um pouco desse caminho belíssimo até Paletará, uma terra indígena onde os índios cuidam de tudo: tem sua própria “prefeitura”, sua escola, até o seu “presídio”. E tudo isso é cuidado por eles, que se posicionam em uma ponte com uma corda, como um pedágio de contribuição voluntária e venda de artesanatos feitos por eles.

Chegamos umas 14h para almoçar nesse povoado e eu fui o primeiro a falar que não iria seguir mais viagem nesse dia: não era mais legal, não era mais confortável, não era o que eu tava afim… Fazia muito, muito, muuuuito frio e os próximos quilômetros era de estrada de barro/pedra, com chuva e maiores dos que os 50km que já havíamos feito. Pra mim não faz sentido pedalar mais quilômetros depois do almoço do que o que fiz até o almoço – Hahahaha! Gordinho, né?! E nessa minha onda, Lucy,  Paola e Tio também ficaram para pedirmos abrigos juntos aos indígenas e os chicos de Bogotá seguiram pelo Páramo.

Regressamos até a ponte do pedágio e um dos senhores nos levou para um centro comunitário (onde funcionava a prefeitura, a escola e o presídio) e lá já nos recepcionava com água panela caliente e pão artesanal. Além disso, podíamos acampar na sala de aula, que estava fechada e muito mais quente do que a estrada. Que phoda! \o/// Ainda compartilhamos o espaço com outros 2 amigos da Colômbia que viajavam trabalhando nos caminhões e/ou plantações de café e um cicloturista alemão que estava fazendo o caminho contrário. No outro dia, um indígena que estava preso, era o responsável por servir um café quente (e muuuuito doce) para todos, os colombianos iam fazer o almoço porque iam continuar lá até passar um caminhão com trabalho pra eles e nós íamos seguindo pelo trecho de Páramo que era muito duro. Antes fomos entender um pouco dessa organização quase que totalmente horizontal de Paletará: eles tem suas próprias leis e o “presidiário” estava em cárcere por ter gritado por um motivo qualquer com sua esposa na frente de toda comunidade, por isso, passaria 15 dias sem regressar a casa, trabalhando para a comunidade nesse centro. Outra coisa interessante é que no pedágio, se tu quer passar de bicicleta ou caminhando em direção ao Páramo e já são 16h, eles te “convidam” (na verdade te obrigam) a ficar no centro. Ninguém pode passar sem motor para o Páramo à noite. Fiquei boquiaberto com o cuidado deles com as pessoas e, principalmente, com a natureza.

Páramo: lindo, frio e cheio de surpresas…

[para continuar lendo e ouvindo: Chico Science & Nação Zumbi – “Rios, Pontes e Overdrives”]

Esse pedal foi um dos mais loucos da minha vida. Muuuuito frio, muito úmido e muito duro: 20km pra cima, 20km “pra baixo” e 20km de estrada pavimentada. Antes de sair, um dos senhores mais astrais dos indígenas olhou a bicicleta de Paola (uma bike de estrada) e perguntou se ela ia para o Páramo com essa bicicleta. Ao receber a confirmação ele só olhou e soltou um “uhmmmm!” com uma cara impagável… Hahahahaha!!! Não deu outra: aguentou toda subida, mas quando começou a descer, as pedras cortaram a lateral do pneu e “fim de dia” para Pao. Uma meia hora no frio, Lucy dava umas corridas muito loucas para se esquentar, eu dançava qualquer merda que tocava na caixinha até que parou uma “kombi” e levou Pao e sua bike toda desmontada até Isnos. Antes de arrancarmos, tivemos o prazer de conhecer o Ron, canadense que viaja com sua moto só por estrada de barro/pedra e anda com 5 GoPro filmando tudo… Fiquei pensando: “Não consigo editar os vídeos de 1 câmera gravando uma coisa ou outra, imagina esse doido que filma tudo 5x…”

Os 20km descendo pela estrada de pedra foram muito difícil e de uma técnica muito grande. É phoda como as vezes, por conta do desgaste da subida, pelo peso da bicicleta e pelo frio, é mais difícil descer do que subir. MAS EU PREFIRO DESCER DIFÍCIL do que subir difícil também… Hahahaha!!! Já na estrada com pavimento, um pause para almoçar. Entramos no restaurante já pedindo café ou alguma coisa quente. Fomos no banheiro tirar as roupas molhadas e mesmo assim comemos tremendo de frio!!! Colocamos as roupas molhadas de novo e voltamos pra estrada. No meio do caminho, disse para Lucy e Tio que se continuasse esse solzinn, ia descer rápido para chegar em Isnos já seco. Não deu outra… Cheguei sequinho e se contássemos o tanto de chuva e frio que pegamos há algumas horas atrás, ninguém acreditava (espero que vocês sim!).. ;))

Em Isnos, reencontramos a galera de Bogotá e fomos acampar num restaurante, onde compramos a comida em troca do espaço para o camping (e o bucho cheio!). Perfeito! Melhor ainda que encontramos Paola na praça da cidade, costurando seu pneu, que aguentou até San Agustin de boa e por estradas tão más quanto no dia que fudeu tudo… Tínhamos duas opções para ir à San Agustin e por qual fomos? Pela pior, lógico! :PPP

San Agustin e o Estrecho del Magdalena

[para ouvir e acabar de uma vez essa leitura: Elis Regina – “Madalena”]

Escolhemos fazer esse pedal pelo caminho mais difícil para passar pelo Estrecho del Magdalena. Eu tive a sorte de passar 3x pelo Rio Magdalena, o maior rio da Colômbia. Mas nenhuma das vezes eu sentir tanto a força dessas águas. Nesse local, esse rio com mais de 1.500km de extensão tem apenas 1m de largura. É uma energia que arrepia até agora quando estou escrevendo. É muito astral, é muito bonito! Chegar lá é beeeeeem duro, porém tudo tem suas recompensas. Antes de chegarmos ao estreito, paramos em uma fábrica de panela (rapadura) e tomamos caldo de cana saído agorinha do engenho, além de lógico, comer rapadura quente e levar um tijolo de 2kg que ia ser nossa comida pelo caminho e mais 4 dias.

E depois da energia do rio, visitamos o sítio arqueológico da Pedra da Shakira, uma deusa do sol que transmite também uma sensação indescritível nessas palavrinhas. O bom é que nunca descíamos para esses sítios com a bicicleta, sempre deixávamos na casa ou na responsa de alguma pessoa que havíamos conhecidos segundos atrás. Ahhhh, isso não vale para Cleta e Javier, que não podiam ver uma escada que queria descer em cima da bicicleta!!! Hahahahaha!!! Os caras são fodas nesses downLADDERhill e sempre se lascavam para subir as bicicletas de volta! ;)))

Em San Agustín, nos hospedamos em um camping incrível, onde a galera foi visitar todos os sítios arqueológicos da cidade e eu fiquei só descansando e comemorando o aniversário de 6 anos da EBA em Recife!!! \o///// E agora vou deixar vocês descansando até o próximo post porque esse já deu, né? ;))))

[para ouvir e se instigar: Calle 13 – “La Vuelta al Mundo”]

é tudo nosso!!! #puravida
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Essa viagem está sendo apoiada por Bruno, Vitor, Luciana, Marcella, Tarcísio, Flávio, Marcos, Karine, Juliana, PAI, MÃE, Eliete, Vinícius, Mariana, Ilana, Lucas, Maria, Patrícia, Juliana, Javert, Marina, Luciana, Pedro, Heberton, Vick, Ivan, Erica, Renata, JP, Gabriel e Lucas, Damião, Tia Bil, Elisabete, Monique, Almir, Maurício, Rafael, Patrícia, Felippe, Mariana, Evelyn, Gonçalo, Anderson e Mario no  APOIA.se/eniopaipa.

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ciclista . janga . é tudo nosso . #puravida

1 comentário Deixe um comentário

  1. Sei dos perigos da estrada,mas todo dia te entrego a Deus, Nossa Senhora,Santa Rita de Cassia e todos os anjos do bem
    Sendo assim confio que eles estão cuodando de todos vcs viajantes
    Agora voltando pra narrativa:que lugares incríveis acho que as compensações são muitas, continue firme e com fé que transcorrera bem
    Bjs!
    Deus te abençoe!!!!

    Curtido por 1 pessoa

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