EQUADOR (um recorde pra começar…)

“(…) descobrimos que o ciclismo no Equador também é bem forte nessas bandas. Passamos por San Gabriel, “cidade natal” do grande ciclista Richard Carapaz (ele não é dessa cidade, mas sua vida na bike foi feita aí!) e havia uma competição bem legal pela estrada e um monumento bem bonito para todos os ciclistas equatorianos (…)”

Bora entrar com tudo no Equador agora! E se tu quiser ajudar nessa viagem, APOIA.se/eniopaipa! ;)))G0075272

A Primeira Fronteira…

[para ouvir viajando: Os Mutantes – “El Justiciero”]

Tulcán, a primeira cidade pela fronteira Rumichaca COLOMBIA-ECUADOR. Esse foi o primeiro destino no Equador, um país que muita gente passa “correndo” e quase nem comenta… As vezes, eu até prefiro que assim seja, para que não se crie expectativas e estou tentando fazer essa viagem sem muitos planos e “sem saber” o que vem pela frente… Esse pedal para sair da Colômbia e entrar no Equador foi bem louco, no sentido de que era a primeira vez que iria cruzar uma fronteira de um país a outro por terra. Parece uma coisa muito normal, mas não é (pelo menos pra mim não foi!)… E essa entrada do Equador é beeeeeem nos Andes e começa com uma bela subida de uns 6km chegando pertinn dos 3.000m de altitude. Não sei se foi um pouco de costume da Colômbia, mas confesso que não sentia dificuldades físicas/respiratórias nessa altura. É certo que tu fica cansado, mas isso rola em qualquer montanha, seja ela a 800m ou a 3.000m…

Já na cidade, procuramos o Corpo de Bombeiros, que não recebeu a mim, Lucia (Argentina) e Chepe (El Salvador), mas indicaram uma casa que recebia “turistas”… ??? De primeira não entendemos nada, mas seguimos as indicações do bombeiro para o endereço, passando pela frente do Cemitério de Tulcán que é todo famosão pelo seu jardim beeeeem bonito (que a gente nem entrou, por conta da hora e do frio, mas deu para ver alguns dos “desenhos” nas plantas). Por fim chegamos na casa e fomos recebidos muito bem por duas mulheres da Venezuela que nos permitiram deixar as bicicletas na casa, porém só poderíamos ingressar na casa às 18h, como todos. Saímos para tomar a 1ª cerveja do Equador e, para não congelar, regressamos para nosso lar desta noite. Era uma casa para refugiados, nesse momento, 100% venezuelanos. A Senhora Maria abriu sua casa de 2º andar para acolher quem estava pela rua fazia uns 8 meses já. Na noite que dormimos aí, éramos cerca de 50 pessoas e só eu, Lucy e Chepe (e a Senhora Maria!) não éramos venezuelanos. Foi uma experiência incrível e malíssima ao mesmo tempo. Escutamos diversas histórias, cada uma com sua particularidade, todas com uma mesma frustração. Ocupamos um quarto com nossas bagagens, tínhamos colchões e cobertores.

Às 7h30 da manhã, todos precisam estar fora da casa. Às 4h já se ouviam alguns movimentos, de pessoas que iam usar o banheiro mais relaxados (leia-se cagar em paz! – hahahaha!!!). Umas 5h30 eu levantei, já bati um papo com uma galera, rimos um monte enquanto eu arrumava os alforges em ZINEBRA e aprontava tudo para seguir a viagem. Saímos, paramos para tomar um cafézinn e fui sacar um dinheiro no caixa eletrônico. Vinha a grande novidade do Equador, comprar coisas em dólares americanos. É esquisito demais para gente que é acostumado a pensar que o dólar é uma moeda muito cara e quase intocável! Intocável não é aqui no Equador desde 2001, mas é cara!!! Hahahaha!!! A sensação de comprar algo por 50 centavos de dólar te faz parecer que não tá gastando (quase) R$2,00… É uma ilusão doida que foi difícil pra mim acostumar.

Comemos perto da rodoviária e seguimos nesse pedal. Esse dia foi uma incógnita quase infinita: 1) descobrimos que o ciclismo no Equador também é bem forte nessas bandas (influência da Colômbia e/ou dos Andes). Passamos por San Gabriel, “cidade natal” do grande ciclista Richard Carapaz (ele não é dessa cidade, mas sua vida na bike foi feita aí!) e havia uma competição bem legal pela estrada e um monumento bem bonito para todos os ciclistas equatorianos; e 2) porque víamos algumas cidades no mapa, mas na real não havia nada ou uma cidade fantasma. Acabamos saindo uns 10km da nossa rota para dormir em Salinas, numa delegacia de polícia com direito a banho quente e umas cervejas para comemorar. ;)))

Outro dia de pedal e a subida quase interminável para Ibarra nos trazia uma boa discussão sobre onde era a cidade, explico: A subida era no formato de serpente, onde tu vai e volta, subindo um monte e depois de duas curvas, parece que ainda está no mesmo lugar e a gente via a cidade logo ali e ela nunca chegava. Até pensávamos que era mais uma cidade fantasma, que só havia no mapa! Hahahahaha!!! Paramos na Lagoa de Yahuarchoca para descansar num gramadinho bonito e saímos de lá cheios de pães, que um casal de Pasto (COL) tinham feito pela manhã e levavam para um piquenique em Ibarra. Eu havia conseguido um contato de Warmshowers em Otavalo, então seguimos. Mas foi a primeira vez que um contato “falhou”. A menina não respondia as mensagens mais, tão pouco havia mandado seu endereço certinho. Contactei outro cara e ele até respondeu um “Hola, buenas tardes!”, depois nunca mais! Hahahaha! Qual a alternativa de sempre? BOMBEIROS! Mas lá também não podemos ficar. Fomos na Cruz Roja e aí sim! Hahahahaha!!! Esses momentos do dia que já está acabando o sol e tu não sabe onde e como vai dormir é bem interessante (as vezes tranquilo, as vezes tenso!).  Alguns detalhes dessa noite: A Cruz Vermelha era embaixo de um hostel… Hahahaha! Nos deixaram acampar nos fundos do terreno, onde havia um Asilo de Anciãos. Hahahahaha!!! E o melhor, havia uma casa de segundo andar ao lado do asilo e umas 20h, quando estávamos montando as barracas, vimos uma senhorinha, que parecia aquelas de filmes de terror. Hahahaha!!! Ela não se mexia, não piscava os olhos, nada! Hahahahahaha!!! A gente ria daquilo, mas sei que os 3 tavam lembrando dos filmes de Zé do Caixão nas noites dos anos 90! Hahahahahahahahahahaha!!!

Com certeza…

[para ouvir e sentir a sensação: Planta e Raiz – “Com Certeza”]

Em Otavalo fomos em um mercado público incrível para comer e lá decidimos que íamos passar mais uma noite na cidade para conhecer o sítio histórico de Peguche, uma comunidade indígena com um artesanato incrível e umas cachoeiras lindonas. Nesse lugar ainda podemos entrar num túnel Inca, cheio de energia, onde deixei uma foto minha num “santuário”. Se tu for lá, me procuraaaaaa!!! Hahahahaha!!! Depois seguimos mais para cima e chegamos na primeira queda da Cascata de Peguche, onde passamos um túnel daqueles de quase entalar o gordinn aqui, onde não se via nada por 1 minuto, onde tu saia num lugar incrível da caída d’água. ;))))) Não pensei duas vezes ao querer me banhar naquelas águas e sentir toda aquela potencia! Chepe havia ido antes e Lucia ainda exitava em cair na água fria! Depois de muita gritaria e insistência nossa, ela se juntou para “sentir a sensação de sua alma sendo purificada por inteira…”

 

Rumo ao recorde!!! ;)))))

Esse pedal para chegar em Quito foi incrível, cheio de surpresas e leseiras (pra variar – hahahaha!!!), vê só: Teve +100km; Teve +12h na estrada; Teve +4000km de viagem; Teve mudança de hemisfério; Teve chegadinha de noite; Teve túnel; e Teve recorde!!! Hahahahaha!!! Mas vou começar do começo, né?!

A saída de Otavalo foi massa, numa estrada incrivelmente boa e larga, à propósito (tou culto, visse?! – hahahaha!) las carreteras de Ecuador são boas demais. Mas estrada boa não significa que tu não vai sofrer muito… São os Andes e tu vai sofrer sempre! Nesse dia, fomos até 3.100m, descemos para 1.900m e chegamos nos 2.800m de altitude de Quito. E a estrada tem um quê de mesmice. De um lado montanha pra cima, do outro lado montanha pra baixo.

E as historinhas tinham que acontecer, como na parada pro almoço, onde as placas indicavam dois caminhos com as mesmas informações. Hahahahaha!!! Ainda no almoço, era mais vantagem comprar 2 cervejas litrão do que suco para nós 3. Isso foi bem bom!!! Uns 5km depois de almoçarmos, encontramos outro cicloturista que havíamos conhecido em Otavalo. Esperamos ele almoçar para seguirmos juntos até a capital. O colombiano Josué tava bem levinho de bagagem, mas não aguentou muito o ritmo do trio de CABEs. Sofreu o coitado! Mas enquanto esperávamos ele, sentados na beira da estrada, vimos um cara passando voado numa bike de contra-relógio com uma van atrás onde líamos “RECORD ATTEMPT – 14,000 MILES”. Na hora que o cara passou a gente já fez aquela festinha de ciclistas, mas na hora que a gente leu o cartaz no carro, pensamos: “CARAAAAALHO!!! Que bicho doido da porra!!!” Logo na sequência, passou uma casa rodante com os mesmos dizeres e com mais buzinas animadas pra gente… ;))))

No pedágio que dizia QUITO (mas era bem mentira, ainda faltava um montão de subida pra chegar na cidade mesmo!), encontramos essa galera toda parada: Eram 5 Austríacos, 3 mulheres e 2 homens. Eles estavam tentando bater o recorde de mais quilômetros pedalados em menos tempo, SEM PARAR, não sei explicar bem, mas vou tentar: O Michael Strasser pedalava, sua namorada Kerstin cuidava da logística, a amiga Valentina fazia massagens e a fisioterapia do ciclistas, o amigo Samuel fazia todos os (belos) registros de fotos/vídeos e a queridíssima Vitoria que fazia toda a relação interpessoal da equipe com sua habilidade incrível com línguas, inclusive um português de leve, e com um sorriso cativante demais!!! Ahhhh, e ela também ganhou o título de queridíssima por nos presentear com caixas de chocolates e barras de cereais VEGANOS (Lucia amou!) que ia nos dar força para batermos os nossos recordes também!!! ;))))

Já faziam 50 dias que eles haviam começado a aventura no ALASCA/EUA e a meta era chegar em USHUAIA/ARG em 99 dias. Doideira, né?! Hahahaha!!! Ele(s) bate(ram)u o recorde, mas calmaí… Vou contar um pouco do que soube da história do Michael em alguns minutos de papo e umas pesquisas poucas na internet: Ele é um ultramaratonista em bicicleta e antes do #ice2ice (essa aventura que tou contando), já havia conquistado um outro recorde de 11.000km de Cairo/EGI até Cidade do Cabo/AFS. Nesse, pelas américas, foram 23.000km (ou 14.000 milhas) em 84 dias e algumas horinhas, com algumas pedaladas de +450km, como mostra esse ÚLTIMO pedalzinn pro recorde… Hahahahaha!!! O cara é animal e o time também faz muito parte disso!!!

Depois de alguns bons minutos de trocas de experiências e EU ASSINEI UM FORMULÁRIO DO GUINESS BOOK, onde eles vão coletando pessoas que provam que viram o ciclista pedalando, e sei lá, eles tem meu endereço em JANGA, se quiserem mandar uma xerox do papel ou mesmo dar uma passadinha pra comer cuscuz, SÓ VEM (ou cheguem, mas não precisam ir tão rápido!).  onde levantamos a bike do Michael com 2 dedos e ele quase não conseguiu levantar uma roda da bici de Lucia, era hora de todos seguirmos. ;))))

Saímos super empolgados para seguir a viagem até o centro de Quito, onde chegamos às 20h30, no meio de um caos urbano (que eu gosto!) para encontrar o amigo Ricardo e a galera da La Cleta Endiablada… Mas essa chegada em Quito vai ficar para o próximo post!!! Por enquanto dá pra aproveitar só um pouquinho de La Pana… ;))))))

[para ouvir e quebrar o gelo: Vanila Ice – “Ice Ice Baby”]

é tudo nosso!!! #puravida
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Essa viagem está sendo apoiada por Bruno, Vitor, Luciana, Marcella, Tarcísio, Flávio, Marcos, Karine, Juliana, PAI, MÃE, Eliete, Vinícius, Mariana, Ilana, Lucas, Maria, Patrícia, Juliana, Javert, Marina, Luciana, Pedro, Heberton, Vick, Ivan, Erica, Renata, JP, Gabriel e Lucas, Damião, Tia Bil, Elisabete, Monique, Almir, Maurício, Rafael, Patrícia, Felippe, Mariana, Evelyn, Gonçalo, Anderson e Mario no APOIA.se/eniopaipa.

A viagem APOIA.se/eniopaipa Ecuador

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ciclista . janga . é tudo nosso . #puravida

2 comentários Deixe um comentário

  1. Muito bom este encontro de culturas!
    Acho que são experiencias pra vida toda, então aproveite cada momento, pois são únicos
    Que esta bagagem cultural te dê cada vez mais forças pra cumprir teus objetivos e, voltar prs casa certo fe que tudo vale muito a pena
    Mais uma vez te digo meu filho: SEJA MUITO FELIZ E SIGA COM FÉ E CONFIANÇA EM DEUS!

    Curtido por 1 pessoa

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