“vooooolteeeei, Recife”

Só de ler isso, tu já escuta Alceu cantando e a alegria carnavalesca “entra na cabeça, depois toma o corpo e acaba no pé!” (é assim a letra, visse?! – agora é só parar de se enrolar pra colocar no ritmo) da pessoa, sem querer QUERENDO. E quem não quer um carnaval atire o primeiro confete. Eu tou querendo e meu confete vem em forma de site.

Nesse momento, o YouTube colocou na sequência uma música que é o carnaval em forma de “uma cerveja antes do almoço é muito bom pra ficar pensando melhor”. Preciso confessar que essa coisa da energia boa vai te levando a viver(ler, como tu agora) de uma forma mágica, com uma mescla de sentimentos difíceis de explicar. O fato é que tou contente, não tanto como num carnaval de ano ímpar, mas tou!

músicas que escutei escrevendo esse texto!

Mas tas achando que voltar aqui para escrever foi fácil?! Foi! ;))) Agora tá bom d+ porque “tá tudo pronto”. Aí tu me pergunta: ‘E foi fácil deixar tudo pronto?’. E te respondo: ‘Foi porra nenhuma!!!’ Tu vai rir agora, do mesmo jeito que eu tou rindo, mas assim tá a vida da gente desde março de 2020, né?! Estamos rindo para não passar todos os dias, os dias inteiros chorando.

Carnaval, música, cerveja, choro, sorrisos… Isso era um roteiro do filme da minha chegada à JANGA e passava pela cabeça todos os dias, desde 09/04/2018, quando voei de Recife e convidei todo mundo para ir “embora para Bogotá, muambar, muambei”. E quando eu cheguei em JANGA rolou!!! \o//// Não era filme. Era real! Totalmente diferente do que eu imaginei. A verdade é que eu nunca imaginei chegar assim, naquele 27 de março de 2020…

O carnaval: começou no avião, em silêncio, apenas pensando que em 6 horas eu iria me deslocar por 3.000km! Bem diferente do Pau Amarelo/Varadouro fazendo os -10km para Olinda ao som de Madeiraaaaa do Rosarinhooo… encontrar meu irmão e meu sobrinho JUNINN quebrou o silêncio e a festa só acabou depois de encontrar MÃE e PAI na escada de casa, sem antes, claro, tomar aquele banho de mar na melhor praia do mundo, de JANGA!

A música: era o silêncio de uma cidade “presa dentro de casa”. era o som vazio do Marco Zero. era a rádio recife tocando brega! tava tudo e todos de ressaca do carnaval que tinha passado três semanas antes. e também era a voz da galera de casa saindo da boca e entrando direto nos meus ouvidos, sem o celular como intermediário.

A cerveja: estava bem gelada e acompanhada de FEIJÃO DE PAI e BOLO DE MÃE! não teve engradado, não teve “3 latão é 10”, mas o brilho veio, na mente e nos olhos, parecia que eu tava bebendo desde cedo, afinal era uma sexta!

O choro: esse ficou meio preso pra todo mundo. a gente não entendia muito bem o que acontecia, no mundo e naquele instante inesperado da nossa vida, do nosso reencontro. não lembro bem, mas eu jurava que iria chorar muito, como numa quarta-feira de cinzas (depois do boizinn) e o que deve ter rolado foi só uma lubrificação básica dos olhos.

Os sorrisos: aí teve!!! teve muito!!! na hora que o ar recifense entrou na despressurização do avião. na hora de ver cada um da minha família. na hora de respirar o ar de JANGA. na hora de tomar um banho de mar. na hora de entrar no meu banheiro. na hora de comer aquelas gostosuras.

E assim #voltandopraJANGA só era uma # vencida. Consegui chegar e não tem como dizer que foi ruim…

MAAAAASSSSS………

É, tem mas sim!!! Tu acha que depois de passar quase 2 anos pedalando eu não queria chegar aqui com uma festa, a galera toda sorrindo, chorando, bebendo e cantando?! Oxeeee, sou besta não! Pensava: ‘vai ter pelo menos uns 3 sambudinn pedalando comigo até JANGA, já chêi de breja na mente e abastecendo a cada boteco’. Isso foi foda! Iam passando os dias e só podia ver todo mundo do mesmo jeito que eu podia desde a Colômbia, pelas câmeras do celular. Vê que negócio da porra…

Não sei bem quando “caiu a ficha da pandemia”, acho que bem antes de pisar em JANGA, mas lembro bem que no primeiro mês aqui, os sinais eram nítidos. Depressivo, só queria comer, beber, dormir. O bom é que eu tenho comida, bebida e teto até hoje. Não me acostumei até hoje com o protocolo pandêmico de marcar um encontro e quando esse acontece, ainda não sei como tocar nas pessoas: murrinho, aperto de mão, abraço ou no máximo um olhar sorridente através de uma cara mascarada? Ahhhh, gosto de tocar nas pessoas.

Os encontros foram rolando pouco a (MUITO!) pouco para amenizar o nível de “falta de alegria”. Fui fazer um trabalho lindo com pessoas incríveis em Fortaleza, vi Tia Bil, vi Vó Dica, vi Nenééém (AHHHH!), vi uma parte da família, mas ainda tinha a lacuna das amizades, até as de lá, que não rolava de preencher tão fácil.

Quase um ano depois daquele voo silencioso, vi Vó Dica (97) tomar A vacina!!! Foi nesse momento que comecei a achar que um dia as pessoas poderiam voltar a se ver, a pedalar, a viver. Depois todo dia era olhar o instagram e se emocionar com cada notícia de alguém que se vacinava. VIVA!

Em 31/Julho/21, chegou a minha vez. A #IMUNIZAÇÃORACIONAL chegava no meu braço, na minha mente. E como falei lá em cima, o YouTube manda a música certa pro momento da escrita: começou “o caminho do bem” para eu poder voltar a ver as pessoas, a pedalar, a viver. A sensação dEssa furada foi como passar um ano acocorado num “pá pá pá pá pá pá pááá” e EXPLODIR COM TUDO no Homem da Meia Noite levando banho de todo tipo de líquido que não evapora ao ar livre.

Deve tá cansando ler tanto, né?! Desculpa, mas agora é que vai começar o domingo de carnaval. Pega uma cerveja, como eu tou fazendo agora, e bora até a quarta-feira de cinzas……….

Vou pular logo pra setembro, o mês da mobilidade. Coincidência ou não, foi o mês que mais me mexi. Vi um monte de gente, pedalei e consegui até mexer em coisas de uma parte bem legal da minha vida, dA viagem. Sem querer, tinha apagado do HD uns 9 meses de fotografias e depois de várias tentativas, consegui recuperar uns 95%. Tive a missão de escolher 100 momentos entre os mais de 100Gb de fotos e fiz álbum para MÃE e PAI, já que a gente conversa(va) bem pouco sobre. Pra tu, aqui, fui beeeem mais generoso e tem +1000 fotos pra aproveitar (e um site todo novo!).

Esse mês também foi a hora que me senti à vontade de comprar uma passagem para ir buscar tudo que deixei no sul. Ahhhh, nem comentei, né? Quando eu voei pra JANGA, só trouxe uma mochila com roupa suja. Deixei #l1l1 (a bicicleta mais legal do mundo!) com os alforjes e tudo que consegui carregar nela lá em Tavares/RS. Tá tudo bem guardadinho pela Senhora Márcia, uma mãe que já passou mais tempo com #l1l1 do que eu. Para voar de volta, estou esperando A 2ª furadinha, deixar passar 15 dias, despedir de uma tuia de gente que ainda nem vi daqui de Recife e só. ;))

Não sei como a gente conseguiu chegar ao ponto que a gente tá sobrevivendo. A alegria por aqui não está nem perto do que era antes dessa pandemia, eu sei. Mas isso aqui me deu um prazer danado de (re)fazer. E também é uma forma de sinalizar que “tou vivo, porque vivo sou… sou vivo, porque vivo estou” e agradecer: por estar vivo, por ter tu que está lendo isso e mais um monte de gente que me ajudou e continua ajudando a viver com um sorriso na cara.

Sinto, sinto muito… Tu tá aqui lendo isso, mas sinto muito pelos que perderam a vida antes de chegar aqui e sinto muito pelos que nem podem ter acesso a essa história, nem a comida, bebida, teto… Tenho aproveitado cada momento, como já andava (pedalava) fazendo por aí, cada comida, cada banho de mar, cada abraço, cada noite bem dormida, cada sorriso, cada gole de cerveja, cada vacina, cada música que YouTube toca, cada minuto que tu usou da tua vida pra ler esse “monólogo ao pé do ouvido”.

Fiz isso aqui pra gente, vamos aproveitar! Tem um monte de foto para ver, tem um monte de áudio para escutar, tem um monte de texto para ler, tem um monte de número de quilômetros para contar e tem um monte do que eu sou para tu conhecer. Espero que tu receba isso com todo carinho que eu vou sentir por cada um que vai chegar aqui (e me mandar um áudio no whatsapp – hahahahaha!!!). Vamos aproveitar!!!

é tudo nosso! #puravida

Brasil JANGA

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ciclista . janga . é tudo nosso . #puravida

8 comentários Deixe um comentário

  1. Uhuulll…. te amo meu quiriiiidoooo…. vou reservar a cuca e te espero aqui em casa. Antes de tu voltar de novo pra janga, quero te dar um cheiro, escutar essa risada ao vivo e sentir o abraço mais gostoso do mundo!!! Veeeemmmn

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  2. Muito bem dito meu queridíssimo Ênio: ” Não sei como a gente conseguiu chegar ao ponto que a gente tá sobrevivendo. A alegria por aqui não está nem perto do que era antes dessa pandemia, eu sei.” Sei bem o que sentistes e estás sentindo… nós que gostamos de aglomerar, rir por bobeira, estamos um tiquinho estranhos… Não vejo a hora de nos sentirmos mais seguros pra podermos extravasar nossa personalidade! E estou IMENSAMENTE FELIZ com o seu retorno ao mundo das letras irradiantemente positivas (que tanto precisamos). Tamo juntos!!! 😉 Beeeeeeeeijos….

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    • Lu irmã querida!!! tu nem sabe como eu fico besta em saber que tu tá aqui, como SEMPRE esteve… tou escrevendo aqui com sorriso na cara e todo besta!!! hahahaha!!! Amo tu d+ e seguimos juntos!!! ;)))))

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  3. profissão: Criador de (MUITO!) Conteúdo, tou me organizando aqui pra ver como eu vou conseguir dar conta de ver tudo que tem no site novo, arrasasse, visse?
    Te amo e é pra sempre 💜
    Beijo e xêro, que agora eu vou começar a ver as mil foto 😬

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  4. Muito bom voltar a ler teu monólogo ao pé do ouvido, acompanhar no texto todo o processo de transição de emoções durante esse tempo… Mas não sou de falar muito sem umas cervejas, quando voltar aqui por Fortaleza (ou quando eu for por Recife, ou num próximo evento presencial…) a gente toma umas! Abração!

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