“(…) Me disse que estava ilegal e me perguntou quando era meu voo de volta ao Brasil. Eu, com um sorriso no rosto, disse que não havia voo porque estava viajando de bicicleta pela América do Sul. Ele meio que olhou e pensou: “Esse gordinho tá o quê?!”. Tanto deu para perceber seu pensamento que a próxima pergunta foi: “E o que tu come?” (…)”

ALCANÇAMOS A SEGUNDA META DO APOIO!!! Essa galera do APOIA.se/eniopaipa é phoda!!!
E se tu quiser, pode se juntar também… ;))))

Chegar em uma cidade gigaaaante é…

para ouvir agora: [LeBron Brothers – “La Temperatura Sube”]

Felicidades, amizades, lugares, cervejas, festas e MANUTENÇÃO EM #ZINEBRA. Adianto isso porque depois de chegar em Medellín, passando o túnel no caminhão de Pedro & Bino, como contei NESSE POST, foi descer uns 10km e quando voltei a pedalar numa ciclovia muito lindona E PLANA, meu pedal esquerdo ficou preso na sapatilha e fora da bike… Hahahahaha!!! Esse foi o limite dos meus pedais de clipe CrankBrothers e o limite que tinha para fazer uma manutenção grande em #ZINEBRA.

Em Medellín, nesse pedal, estava chegando na casa do Lenin, amigo do WarmShowers, e como demorei muito por conta dos problemas incontáveis da minha corrente, só deu tempo tomar um banho, pegar uma bike emprestada e sair nesse pedal de La SiCLada, uma Massa Crítica que rola toda quarta-feira, promovido pelo Coletivo SiCLas. Éramos mais de 400 pessoas e adivinha como era o percurso: MONTANHA!!! Hahahahahaha!!! Eu amo muito a #Colômbia! Mesmo cansado, a energia era boa d+ e fui conhecendo a galera, vendo as bicicletas ocupando as ruas e contagiando as pessoas por onde passávamos com muita alegria e música!

Mas essa cidade ainda tinha muuuuito mais para surpreender: nesse pedal, encontrei a amiga Astrid e ficamos de rolê por todo o bairro Laureles, que é dos mais chiques e movimentados de Medellín. Festas, hotéis, escolas e CICLOVIAS para todo lado. Além de ficar ao lado do maior complexo esportivo que já estive na vida: O Complexo Esportivo Estadio Atanasio Girardot tem de campo de futebol, piscina, pista de atletismo até o phodástico Velódromo Martín Emilio Cochise Rodríguez, que dá nome ao bairro vizinho, El Velodromo. E quando chegamos no velódromo, ainda conseguimos pegar uma hora de treino misto, com ciclistas fortíssimos e fixas incríveis. Quase não queria ir embora, como uma criança num parque de diversões, queria muito estar com querid@s amig@s do HELLCIFIX TEAM desfrutando daquele momento quase mágico… ;)))))

Como eu precisava arrumar #ZINEBRA, Astrid me levou na Casa Bici Rolling Medellín, uma oficina phodástica que fabrica e personaliza bicicletas. Como eu fiquei? Mais doido do que o normal… Hahahaha!!! Seguimos o dia indo para uma reunião da prefeitura com jovens para conseguirem gerar projetos que pudessem captar o recurso já disponível para eventos culturais nas comunas 11, 12 e 13. E para compreendermos um pouco mais, as COMUNAS em Medellín não são apenas “favelas” e sim regiões estratégicas sócio-economicamente na cidade que as vezes tem um ou mais bairros. A reunião foi bem interessante e me lembrou de 2010, quando eu, Lucio, Paulo e a galera da Bicicletada Recife íamos nas reuniões da SECID. Mas as coisas hoje em dia estão melhores, ainda bem! 😉

E a Casa de Ciclistas de Medellín…

[para ouvir agora: Rubby Perez & Orquestra Wilfrido Vargas – “Volvere”]

Depois de assistir a derrota do Brasil por 2 a 1 para a Bélgica, me recuperei de uma crise estomacal (uia, que nome bonito para caganeira!), segui para a famosa Casa de Ciclistas de Medellín, que desde o primeiro dia de viagem já queria conhecer. Se o astral já era alto, chegar nesse lugar foi especial d+… Don Manuel e Señora Martha são pessoas incríveis e conseguem ter o mundo no quintal de sua casa. E em clima da 2ª vez que um colombiano vestia a Camisa Amarela do Tour de France (DALEEEEE GAVIRIA!), fizemos uma festa surpresa com aguardente e algumas cervejas, compartilhando com Nuno (Português que encontrei em Sampués) e José Chepe (de El Salvador – vou falar mais desse mi hermano mais pra baixo!) um momento muito mágico e cheio de boas energias.

Os dias iam passando, aproveitei para editar muitas fotos e vídeos no terraço da casa de Manuel, mas sempre eram regados de muitas conversas/debates sobre assuntos diversos que iam de viagem em bicicleta à políticas internacionais. Ahhhh, não podemos esquecer dos tintos toda hora… Um dia contei cerca de 8 canecas de café antes do almoço… Hahahaha!!! As idas no comércio da Señora Mona, para ver o Tour, para comprar uma cerveja ou um chorizo também faziam parte do cotidiano nessa casa.  Era incrível a sinergia de todos, principalmente de todas as pessoas de todas as partes do mundo que chegavam e saíam da Casa de Ciclistas de Medellín, como neste vídeo:

As pessoas!!!

Essa é a coisa fundamental nesse espaço do mundo. Essa é a MELHOR COISA dA Viagem!!! Conhecer pessoas de Portugal, El Salvador, Venezuela, França, Inglaterra, Rússia, Espanha, Peru, China e Colômbia em um único lugar é muito rico. Sabíamos um pouco de como era a vida de cada pessoa em suas cidades, como eram diferentes os sotaques, como era difícil para todos hablar español, mas como era fácil nos entendemos, como era bom ter comidas diferentes e como era legal trocar WhatsApp, Facebook e “promessas” de visitas a cada um desses países.

E por falar em pessoas, quero dedicar um pouco desse post para um cara fantástico que tive o prazer de conhecer em Medellín: Mi hermano José Chepe! Como contei nessa #históriasdebicicleta, uma das primeiras frases que ouvi dele foi “La vida és linda!” enquanto subia uma das montanhas para chegarmos ao centro de San Antonio de Prado (distrito de Medellín onde fica a Casa de Ciclistas). Mas nossa conexão foi de antes dessa frase: quando nos conhecemos, perguntamos para onde íamos e, mesmo sem saber quando íamos sair de Medellín, já fomos dizendo que íamos juntos até o Equador! ;))) E desde então foi curtir pedais como esse e na volta tomar 10 cervejas. Ou pedais como esse para assistir os jogos da França na copa e torcer junto com nosso amigo Julian. Ou mesmo pelos ensinamentos de como levar a vida, de como compartilhar, de como entender as mazelas sociais e de como ter frases prontas para todo momento!!! Hahahaha!!!

E a Copa do Mundo (amigo)…

Hahahahaha!!! Já tinha visto o Brasil sair da copa nessa cidade e só me restou torcer para a França.. E deu certo!!! \o//////// Era fantástico em dias de jogos, junto com os amigos José, Julian, Eric e Orlando, sair pelas montanhas para ir assistir os jogos da França. Tudo bem que nosso amigo francês não tinha comemorações gigantescas com as vitórias (na semi e na final), mas o importante era torcer!!! E também era bom d+ fazer a interação com as pessoas, que nos viam com as caras todas pintadas de azul, branco e vermelho e falando um espanhol nem tão espanhol assim!!! Hahahahaha!!!

No dia da final, quase todos os torcedores vibravam para a Croácia vencer, menos nossa mesa e dois senhores que tinha apostado na França. Aqui na Colômbia é muuuuito forte as casa de apostas esportivas. Então ficamos sabendo que esses senhores tinham apostados COP 50.000 (R$63,00) e ganharam COP 95.000 (R$110,00). Mas não adiantou nada, porque nem uma cerveja eles nos pagaram!!! Hahahahaha!!! Ainda bem que nosso amigo “FRANCIA” nos pagou uma, só uma MAS PAGOU!!! Hahahaha!!! Que divertido foi, e não só esses jogos assistidos em Medellín. Nesse vídeo, tem jogos da Colômbia em um monte de lugar, com grandes amigos, dá uma sacada:

A Comuna 13…

Essa cidade também tem os rolês turistão que se você tem tempo é bom não perder a oportunidade de fazer. A Comuna 13 é um desses lugares “imperdíveis” para quem não habla español como los paisas… Fomos de metrô e ônibus (o que me dá nos nervos, gastar $$ com transporte para se mexer dentro da cidade), mas tinha uma justificativa: queríamos dar um rolê aéreo pelo teleférico, então íamos ter que pagar o metrô de qualquer forma. E valeu super a pena… Uns 15 min de teleférico mudam completamente a tua visão de uma cidade cheia de morros, como Medellín. Além de que foi bom também experimentar o transporte público na hora pico.

E chegar na 13 foi bem divertido. A arte é visível em todas as paredes, em todos os comércios e em todas as escadas (rolantes ou não!) da comunidade. A história da Comuna 13 (bem superficialmente, tá?) é bem louca. Era um ponto muito estratégico do narcotráfico nas época “douradas” de Pablo Escobar e isso trazia muitos conflitos com polícia, exército, governo e toda essa corja. Muito dinheiro, muita violência e muito sangue. Assim era a Comuna 13 até uns 8 anos atrás. De uns 5 anos pra cá, a comunidade foi ganhando arte e expressões culturais, além de uma puta revitalizada na sua estrutura com 6 níveis de escada rolante, centros de informações turísticas. Mas isso tudo contou com uma super participação local, onde se criaram núcleos locais de guias turísticos, grupos de grafite, grupos de dança etc. Enfim, quem se interessar mais pelo assunto, a própria comunidade vende o livro Comuna 13 Medellín: El drama del conflicto armado, escrito pelos próprios moradores da Comuna 13.

Surpresas, coisas sérias e COXINHA!!!

[para ouvir agora: Tim Maia – “Bom Senso”]

E Medellín ainda trouxe mais amigos e surpresas… Meu prazo de permanência na Colômbia estava se encerrando, então procurei o Consulado do Brasil para me informar como renovar “meu visto”. Chegando ao Consulado, uma ótima surpresa: o cônsul atendia as pessoas na Casa Cultural Andina, uma casa de cultura brasileira, administrada pela amiga Mariana, de Fortaleza, que curte Tim Maia! 😉 Nesse espaço sensacional rolam aulas de português e de espanhol, além de vários eventos trazendo a cultura brasileira para Medellín e também reunindo os brazucas que estão vivendo por aqui. E na minha primeira ida, lógico que o cônsul não estava, mas a Mariana me ajudou passando o endereço da Imigração. E o melhor: disse para ela da minha viagem e de pronto ela me convidou para um Clube de Conversa. Eu não sabia quanto tempo ainda iria passar na cidade, mas quando ela disse que ia me dar COXINHA, não pensei 2x em dizer que iria!!! Hahahahaha!!! E o evento foi arretado!!! Ia fazer uma live no facebook, mas nem rolou… Então falei um pouco da experiência da viagem, dos lugares, tomei 2 cervejas, comi 3 coxinhas (e levei 2 para casa!) e tirei algumas dúvidas dos colombianos que estavam aprendendo a falar português e agora começavam a sentir o gostinho do que é sair pedalando pelo mundo! ;))))

Mas antes do evento que rolou três dias depois da primeira ida ao consulado, fui à imigração e tive uma “boa” surpresa: EU ESTAVA ILEGAL NA COLÔMBIA!!! Hahahaha!!! Nas minhas contas, era o dia 90… Nas contas da imigração, era o dia 91… Pensei: “Fudeu e a viagem vai acabar! – Hahahaha!!!” E o senhor que atendia os estrangeiros para tirar dúvidas de renovação de permanência era um tanto diferente das pessoas da Colômbia: grosseiro, gritava e falava rápido para que não entendêssemos bem e explicava as coisas com um tanto de má vontade. Na minha vez não foi diferente. Me disse que estava ilegal e me perguntou quando era meu voo de volta ao Brasil. Eu, com um sorriso (um tanto muito irônico) no rosto, disse que não havia voo porque estava viajando de bicicleta pela América do Sul. Hahahahaha!!! Ele meio que olhou e pensou: “Esse gordinho tá o quê?!”. Tanto deu para perceber seu pensamento que a próxima pergunta, seguida de um sorriso mais irônico que o meu, foi: “E o que tu come?” Respondi: “Arepas, arroz, lentilhas, feijão e tudo mais que os colombianos vendem no caminho!”  O senhor ficou sem graça, mas começou a conversar mais tranquilo comigo, dizendo que eu deveria pagar uma multa 15 dias antes de sair da Colômbia e mandou eu ir embora. A bike é phoda!!! ;))))))

E num belo dia, já umas 10h da manhã, eu e José nos despedimos da galera da Casa de Ciclistas de Medellín, da galera da Loja Ciclo Campeón, de San Antonio de Prado e seguimos nossa viagem pelas estradas da Colômbia. Mas isso é prosa para o próximo post… Enquanto isso, me conta aí nos comentários tua maior ilegalidade, que tenha haver com a bicicleta, no Brasil ou no mundo… Hahahahahahaha!!! ;))))))

[para ouvir agora: Manu Chao – “Clandestino”]

é tudo nosso!!! #puravida

Essa viagem está sendo apoiada por Bruno, Vitor, Luciana, Marcella, Tarcísio, Flávio, Marcos, Karine, Juliana, PAI, MÃE, Eliete, Vinícius, Mariana, Ilana, Lucas, Maria, Patrícia, Juliana, Javert, Marina, Luciana, Pedro, Heberton, Vick, Ivan, Erica, Renata, JP, Gabriel e Lucas, Damião, Tia Bil, Elisabete, Monique, Almir, Maurício, Rafael e Patrícia no  APOIA.se/eniopaipa.

 

 

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